Pensei muito antes de publicar este post porque recentemente contaram-me uma história que me deixou tão triste com a injustiça da vida, que o meu primeiro pensamento foi: como é que vão abordar este assunto com a criança? O que dizer? Como fazer?

Imagem retirada da internet
O que a experiência me diz é que as crianças têm direito e devem fazer o seu processo de luto. Não as privem disso a achar que estão a protegê-las.
Explicar a uma criança que alguém que ela gosta muito morreu é uma tarefa tão, mas tão difícil, que não há uma forma correcta de o fazer. Por outro lado, perder alguém está associado ao crescimento de qualquer um, independentemente da idade.
As crianças são criativas por natureza e para algumas, a história que contamos de olharem para as estrelas e cada vez que sentirem saudades a pessoa estará a olhar por ela do céu, é uma boa história.
Para outras, mais emocionais e sensíveis, pode não ser esta história que a vai tranquilizar porque não vai, efectivamente ver ninguém nas estrelas.
Nunca há uma forma certa de explicar como se faz o processo de luto, nem os próprios adultos por vezes o sabem!
Lembre-se sempre que o mais importante de tudo é saber como é que cada criança é em primeiro lugar. Dê espaço para as reações que ela terá.
Como? Deixo-lhe ideias e apenas ideias porque temos que respeitar a forma de pensar e educar de cada um.
1. Explicar a morte como um processo natural da vida de uma forma verdadeira, delicada e com uma linguagem simples. Preste atenção ao que a criança manifesta interesse em saber. Pode começar por abordar o tema com uma história simples, como a de uma semente, que cresce, transforma- se em planta e morre eventualmente.
2. Crie um espaço seguro para a criança em casa por exemplo, construa o cantinho dos afectos. Poderá conversar neste espaço pois será um ambiente contentor e de partilha de afectos. Não tenha medo de chorar e partilhar a sua dor neste espaço. Pode por exemplo incentivar a fazer um desenho, escrever uma carta, etc.
3. Não ache que a criança não percebe o que está a acontecer. Por vezes pode ser pior acreditar nisso. As crianças captam tudo à sua volta e têm capacidade para lidar com situações tristes e negativas. Responda às questões quando a criança as fizer, da melhor forma que conseguir.
4. Dentro do possível e dada a situação, seja de morte ou doença, esteja presente e dê tempo à criança para processar a informação. Não force respostas ou reacções.
5. Não se assuste com possíveis mudanças de comportamento e reacções. Elas vão reagir conforme a etapa de desenvolvimento em que se encontram. Por exemplo, uma criança de 2/3 anos pode iniciar uma procura constante da pessoa que morreu ou desenvolver medos e alterações comportamentais (sono, alimentação, etc).
6. É muito importante explicar que a morte não é resultado de nenhuma acção da criança ou de nenhum pensamento que ela tenha tido.
7. Se a criança quiser participar nos rituais como enterros, explique-lhe de forma clara como funciona esse processo antes de a levar mas não a prive de ir, caso seja essa a sua vontade. Se a criança quiser ausentar-se, permita-lhe isso.
8. Evite explicar frases como “a mãe foi dormir e não vai acordar”; “o avô foi embora e não o vais ver mais”; “o teu primo foi fazer uma grande viagem”, etc. Este tipo de frases pode potenciar ainda mais o medo da morte e pode criar sentimentos de incerteza e insegurança, desejos que a pessoa retorne da viagem, etc.
9. Por último, e tendo sempre em conta que a criança precisa de processar à sua maneira o luto de qualquer pessoa que lhe seja chegada, pode experimentar em família lançar um balão no ar com uma mensagem escrita pela criança , procurar filmes apropriados à idade da criança, livros, conversas com amigos, ter uma fotografia especial entre todos e explicar que a pessoa ficará sempre na sua memória, etc.
Lembre-se de explicar que a ligação com a pessoa estará sempre presente e a criança terá outras pessoas que servirão de referência. Nesta etapa a família é o maior apoio que ela pode ter, para se sentir segura novamente.
Como estes, há vários exemplos de como explicar a morte a uma criança e cada família encontrará a melhor forma de o fazer.
Não há certos nem errados. Pode concordar ou não, volto a frisar.
Espero apenas que este post sirva para amenizar um pouco a dor de quem está a passar por esta situação.
Se gostou, partilhe. Pode ajudar alguém!
Um abraço cheio de força. ❤